sábado, 22 de outubro de 2011

O ovo é calórico? Não, e é muito nutritivo

 


Um dos alimentos mais ricos da pirâmide alimentar vem sofrendo preconceito. Aproveite o Dia Mundial do Ovo (comemorado na segunda sexta-feira de outubro) para saber o que é fato e o que é mito sobre ele

Quantas vezes você já ouviu falar que ovo tem muito colesterol? Ou que engorda? Ou que a única coisa boa nele é a clara? São ideias que já estão disseminadas, mas pouco se sabe sobre os reais benefícios nutricionais deste alimento.

Ele é riquíssimo em proteína (6,5 gramas por ovo) e possui 13 vitaminas essenciais – todas as do complexo B e é um dos poucos alimentos ricos em vitamina D. E também possui magnésio, selênio, zinco, ferro, cobre e cálcio (antioxidantes), além de manganês, fósforo e sódio. É rico em colina, “um nutriente que protege o neurônio na condução de impulsos relacionados à memória e, nas gestantes, reduz os riscos de defeito do tubo neural do feto”, afirma a nutricionista Lucia Endriukaite, membro do Conselho Brasileiro de Fitoterapia.

Com todas essas propriedades, um ovo cru tem pouco mais de 70 calorias. É o mesmo que um bifinho de 50 gramas de filé mignon cru ou uma bolacha recheada. Apenas 37,4% das gorduras de um ovo são consideradas ruins, ou saturadas – 46% são monoinsaturadas (presentes no azeite de oliva, por exemplo) e 16%, poli-insaturadas (as mais conhecidas são Ômega-3 e 6). A melhor forma de comê-lo é cozido em água. Ao fritá-lo, suas calorias sobem para 100, já que há um aumento de cerca de 40% de gordura, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).

Em 1999, o Journal of the American Medical Association publicou um artigo dizendo que o colesterol que ingerimos em nossa dieta tem menos impacto no nível de colesterol do sangue que a gordura saturada que consumimos. Para equilibrar o colesterol do sangue, portanto, é preciso manter um peso saudável, praticar atividade física, reduzir o consumo de gorduras saturadas (queijos, manteiga, gordura das carnes, embutidos e creme de leite) e gorduras trans e aumentar a quantidade de frutas, verduras e fibras. Segundo o Instituto Ovos Brasil, se a dieta for balanceada, não será necessário cortar nem reduzir o consumo de ovos. A não ser que um médico ou nutricionista faça essa recomendação.

E (pasme!) não é novidade que o ovo pode ajudar a emagrecer. Há três anos, uma pesquisa da Universidade do Estado da Louisiana revelou que comer esse alimento pela manhã faz diferença em dietas de emagrecimento. Os pesquisadores dividiram 152 pessoas em dois grupos. Um deles ingeriu dois ovos pela manhã e, o outro, um bagel (pão típico americano). Depois de oito semanas, a perda de peso entre os que comeram ovo foi 65%. O índice de redução de cintura foi 34% maior, assim como a redução de gordura, 16% maior. “Tal estudo comprova o mesmo que foi apontado pelo experimento publicado em 2005 no Journal of the American College of Nutrition”, diz Lucia. Este, de seis anos atrás, concluiu que as pessoas que ingerem ovo pela manhã se sentem mais saciadas, ingerindo menos calorias ao longo do dia.

Um ovo tem apenas 70 calorias e inúmeros nutrientes (Foto: SXC.hu)

Se ainda assim você tem dúvidas em relação ao que ouve sobre o ovos, conheça sete mitos sobre eles, com explicações da nutricionista Lucia Endriukaite.

Comer muito ovo aumenta o colesterol no organismo
Mito: 70% do colesterol sanguíneo é produzido pelo fígado, e fatores como predisposição genética, obesidade, tabagismo, sedentarismo e ingestão reduzida de fibras têm maior influência para o aumento das taxas no sangue do que a quantidade de colesterol ingerido.

Ovo é um alimento altamente calórico
Mito: Um ovo contém em média apenas 70 calorias, o mesmo que uma bala, ou uma fatia média de goiabada, ou uma única bolacha recheada, ou uma fatia de pão de centeio.

Ovos vermelhos são mais nutritivos que ovos brancos
Mito: A cor da casca dos ovos se refere somente à raça da galinha.

Ovos caipiras possuem maior quantidade de nutrientes que ovos de granja
Mito: Não foi comprovada nenhuma diferença significativa entre os nutrientes encontrados nos ovos provenientes dos diversos tipos de criação: caipira, orgânico ou industrial. As quantidades encontradas nos ovos se referem a um padrão necessário para a formação do pintinho e não têm relação com o processo produtivo. A única exceção é a cor amarela da gema que pode ser mais forte no ovo caipira ou orgânico. Isso porque a galinha se alimenta de gramíneas e insetos.

Ovos orgânicos não contêm hormônio
Mito: Nenhum tipo de ovo contém hormônio. O uso de hormônio, além de proibido pela legislação brasileira e fiscalizado pelos órgãos competentes, não tem qualquer utilidade na avicultura, seja de corte (frango) ou de postura (ovos), por inviabilidade técnica e produtiva. Seu uso nesse tipo de criação não surte qualquer efeito prático.

Os ovos são os grandes vilões das intoxicações alimentares
Mito: As intoxicações estão mais relacionadas à manipulação e armazenagem dos alimentos, bem como a higiene e limpeza do ambiente de trabalho e utensílios utilizados, do que com a contaminação interior do ovo. A probabilidade de um ovo estar contaminado por salmonella é muito baixo, cerca de 1 em 30.000. Mesmo assim, a Anvisa recomenda e normatiza que ovos devem ser consumidos bem cozidos (clara e gema consistentes). Ao atingir temperaturas superiores a 75º C, o cozimento elimina qualquer tipo de bactéria.

Somente as claras de ovo fornecem proteína
Mito: Quase metade das proteínas do ovo (6,5g no total) se encontram na clara (3,8g); a outra metade se encontra na gema (2,7g). O ovo é excelente fonte de proteína, pois reúne sozinho todos os aminoácidos essenciais.

A Cartilha sobre Boas Práticas para Serviços de Alimentação da Anvisa recomenda:
• Compre sempre ovos de origem conhecida e inspecionados pelos serviços oficiais;
• Ao comprar ovos, certifique-se da data de validade e que não estejam com a casca suja, trincada ou quebrada;
• Mantenha-os em local limpo, fresco e arejado, preferencialmente em geladeira após comprá-los;
• Lave com água e sabão as superfícies de trabalho, utensílios e mãos antes de manusear o produto cru;
• Lave os ovos somente antes de utilizá-los, em água corrente, sem imersão;
• Coma ovos e os alimentos feitos dele bem fritos e cozidos;
• Os alimentos preparados com ovos devem ser armazenados na geladeira para melhor conservação.

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