Caxias do Sul – Uma casa na Rua Luiz Michielon, no bairro Lourdes, é quase a extensão do Estádio de São Januário, no Rio. Nela reside Dona Marisa Menegotto Poletto, 61 anos, mãe do preparador físico Rodrigo Poletto, do Vasco, caxiense criado no campus da UCS e no gramado do Alfredo Jaconi. Neste domingo, é dia de toda a família torcer pela Cruz de Malta, símbolo que os vascaínos pegaram emprestados da história para colocar no hino do clube.
– Acho que vamos ganhar esse título. Deus me diz que o título vai ser do Vasco – afirma Dona Marisa, conhecedora nata de futebol.
Sim, ela não caiu do espaço no universo da bola por causa da profissão do filho. Sempre gostou. Sabe nomes de campeonatos, times, jogadores, atletas veteranos e novatos:
– O Ricardo Gomes convidou o Rodrigo para ir para o Vasco. Eles chegaram quando o time estava mal na Taça Guanabara. Depois, ganharam tudo e só perderam a final da Taça Rio nos pênaltis, para o Flamengo. O Ricardo mesclou os mais velhos, como o Felipe, com os mais novos, como o Bernardo, e a equipe decolou.
Sobre a trajetória do filho, Dona Marisa sabe mais ainda. E conta como tudo começou.
– Aos 16 anos, ele começou a trabalhar no Banco Mercantil. Fez Ciências Contábeis e tudo. Foi convidado até para gerente do banco quando tinha 20, 21 anos. Só que um dia chegou em casa e disse que queria fazer Educação Física na UCS. A gente apoiou e ele começou a estudar. Fez pós-graduação em Londrina e mestrado em Cuba – lembra a mãe.
No futebol, Rodrigo começou nas categorias de base do Juventude e tem várias passagens pelos profissionais. Numa dessas, em 2002, conheceu Ricardo Gomes e Cristóvão Borges, com quem retomou a parceria este ano no Vasco. Dona Marisa recorda que os três estavam quase embarcando para o Oriente Médio antes da proposta do clube carioca:
– O Ricardo Gomes iria trabalhar nos Emirados Árabes e convidou o Rodrigo. Disse que era para ele ir estudando inglês. Mas, nesse meio tempo, veio o Vasco.
E é lá no Estádio Engenhão, no Rio, que ele pode conquistar o título brasileiro pela primeira vez na carreira. Em Caxias do Sul, Dona Marisa prepara o ritual de sempre.
– Assisto ao jogo de pé. Vou jogando junto. Quando eu vejo, parece que estou dentro da televisão – revela.
O pai de Rodrigo, Seu Abramo, 76 anos, o irmão Rogério, 32, e a irmã Tatiana, 41, também devem assistir ao jogo com o Flamengo juntos. Cada um com uma função.
– Digo para eles e ao Abramo segurarem um jogador do Flamengo, que pode ser o Renato Abreu, porque eu vou segurar o Ronaldinho Gaúcho – brinca a mãe, confiante de que a faixa de campeão vai desembarcar em Caxias do Sul para se juntar a pôsteres e camisas do Vasco na casa em Lourdes.
adao.junior@pioneiro.com
ADÃO JÚNIOR