domingo, 4 de dezembro de 2011

Reportagem Jornal Pioneiro- Caxias do Sul RS

Cruz de Malta de Dona Marisa brilha em Lourdes


Caxias do Sul – Uma casa na Rua Luiz Michielon, no bairro Lourdes, é quase a extensão do Estádio de São Januário, no Rio. Nela reside Dona Marisa Menegotto Poletto, 61 anos, mãe do preparador físico Rodrigo Poletto, do Vasco, caxiense criado no campus da UCS e no gramado do Alfredo Jaconi. Neste domingo, é dia de toda a família torcer pela Cruz de Malta, símbolo que os vascaínos pegaram emprestados da história para colocar no hino do clube.

– Acho que vamos ganhar esse título. Deus me diz que o título vai ser do Vasco – afirma Dona Marisa, conhecedora nata de futebol.

Sim, ela não caiu do espaço no universo da bola por causa da profissão do filho. Sempre gostou. Sabe nomes de campeonatos, times, jogadores, atletas veteranos e novatos:

– O Ricardo Gomes convidou o Rodrigo para ir para o Vasco. Eles chegaram quando o time estava mal na Taça Guanabara. Depois, ganharam tudo e só perderam a final da Taça Rio nos pênaltis, para o Flamengo. O Ricardo mesclou os mais velhos, como o Felipe, com os mais novos, como o Bernardo, e a equipe decolou.

Sobre a trajetória do filho, Dona Marisa sabe mais ainda. E conta como tudo começou.

– Aos 16 anos, ele começou a trabalhar no Banco Mercantil. Fez Ciências Contábeis e tudo. Foi convidado até para gerente do banco quando tinha 20, 21 anos. Só que um dia chegou em casa e disse que queria fazer Educação Física na UCS. A gente apoiou e ele começou a estudar. Fez pós-graduação em Londrina e mestrado em Cuba – lembra a mãe.

No futebol, Rodrigo começou nas categorias de base do Juventude e tem várias passagens pelos profissionais. Numa dessas, em 2002, conheceu Ricardo Gomes e Cristóvão Borges, com quem retomou a parceria este ano no Vasco. Dona Marisa recorda que os três estavam quase embarcando para o Oriente Médio antes da proposta do clube carioca:

– O Ricardo Gomes iria trabalhar nos Emirados Árabes e convidou o Rodrigo. Disse que era para ele ir estudando inglês. Mas, nesse meio tempo, veio o Vasco.

E é lá no Estádio Engenhão, no Rio, que ele pode conquistar o título brasileiro pela primeira vez na carreira. Em Caxias do Sul, Dona Marisa prepara o ritual de sempre.

– Assisto ao jogo de pé. Vou jogando junto. Quando eu vejo, parece que estou dentro da televisão – revela.

O pai de Rodrigo, Seu Abramo, 76 anos, o irmão Rogério, 32, e a irmã Tatiana, 41, também devem assistir ao jogo com o Flamengo juntos. Cada um com uma função.

– Digo para eles e ao Abramo segurarem um jogador do Flamengo, que pode ser o Renato Abreu, porque eu vou segurar o Ronaldinho Gaúcho – brinca a mãe, confiante de que a faixa de campeão vai desembarcar em Caxias do Sul para se juntar a pôsteres e camisas do Vasco na casa em Lourdes.

adao.junior@pioneiro.com
ADÃO JÚNIOR

Torcedora até do Panamá
Assim como a mãe de Tite, Dona Marisa também já torceu para vários times, aqueles em que o filho Rodrigo defendeu. Além da camisa do Ju, ela já vestiu as cores do Dínamo de Moscou (Rússia), quando o filho trabalhava com Ivo Wortmann, da seleção do Panamá, quando o técnico era Alexandre Guimarães, e do
Paysandu-PA, de Edson Gaúcho. Assistiu a diversos jogos do Ju no Alfredo Jaconi e até nos estádios Olímpico e Beira-Rio.





  • UM DELES LEVANTARÁ O TROFÉU

    Por volta das 19h deste domingo, um caxiense da gema estará festejando o título de campeão brasileiro, inédito em suas carreiras. Poderá ser Adenor Bachi, o Tite, 50 anos, técnico do Corinthians, ou Rodrigo Poletto, 39, preparador físico do Vasco da Gama.

    O primeiro surgiu para o futebol no Caxias, onde foi jogador e técnico, tendo participado da conquista do Gauchão de 2000, a maior da história do clube. Já o segundo brilhou no Juventude, onde teve presença em campanhas destacadas no Brasileirão nos anos 2000. Curiosamente, ambos exibem uma conquista de Copa do Brasil nos currículos.

    Confira nas entrevistas a seguir as expectativas para a final e como eles chegaram até este momento.

    Pioneiro: O que essa conquista significaria para você, nos aspectos profissional e pessoal?
    Adenor Bachi, Tite: Profissionalmente, ganhar no Rio e São Paulo tem divulgação maior, embora a importância seja a mesma que em outros clubes. No aspecto pessoal, teria o mesmo valor que o Gauchão pelo Caxias, a Copa do Brasil pelo Grêmio e a Sul-Americana pelo Inter.

    Pioneiro: Qual foi o pior momento nesta campanha?
    Tite: O momento mais difícil foi depois do jogo com o Santos, em que saímos na frente e perdemos por 3 a 1, e jogando bem. Logo depois viria o São Paulo, que está tendo a maior rivalidade, e se ele nos vencesse abriria quatro pontos. Aí, a nossa equipe se instabilizaria. Mas empatamos e seguimos. O pessoal fala em outros momentos, mas esse foi o mais emblemático.

    Pioneiro: Por outro lado, quando você sentiu que o time poderia chegar?
    Tite: (pausa) Estou tentando procurar um marco... O 2 a 2 com o Vasco, quando merecíamos ter vencido... Contra o Flamengo, quando o time saiu perdendo e atropelou... Quando enfiou cinco no São Paulo... O jogo com o Inter, quando buscou o empate com 10 homens. Contra a dupla Gre-Nal, fizemos 10 dos 12 pontos, acho que ninguém fez isso. Há o jogo com o Cruzeiro, com o pênalti absurdo, a virada com o Atlético-MG... Acho que há alguns momentos, mas acima de tudo tivemos regularidade, o que nos habilita (ao título).

    Pioneiro: Você pensa no futuro, até porque o presidente Andrés Sanchez está indo para a CBF?
    Tite: Deixo o planejamento para a direção. Vamos tratar disso depois do campeonato. Eu estou aqui há um ano e alguns meses e eles já sabem como trabalho.

    Pioneiro: Como está o Edenilson, que saiu do Caxias há pouco?
    Tite: Muito bem. Tenho usado ele como segundo volante ou quarto homem pela direita, fechando. É um jogador centrado, tem qualidade e está evoluindo bastante, a ponto de ficar no banco no lugar de outros com mais nome.


  • Pioneiro: Num ano em que você foi campeão da Copa do Brasil e ficou entre os quatro da Sul-Americana, o que representaria a conquista do Brasileirão?
    Rodrigo Poletto: Este foi um ano especial profissionalmente. Chegamos (com o técnico Ricardo Gomes e o auxiliar Cristóvão Borges) aqui numa situação difícil, pois o Vasco estava ameaçado de cair no Carioca. Ficamos vice neste, ganhamos a Copa e fomos bem na Sul-Americana. O Brasileiro é uma competição difícil, que exige maturidade e regularidade, é desgastante. Ganhar seria muito bom.

    Pioneiro: O momento mais difícil foi com o AVC do Ricardo Gomes. Como ele foi superado?
    Poletto: Foi um momento de total desgaste psicológico. Ricardo é o nosso comandante, o grande líder, que passava tranquilidade, é agregador. Foi muito difícil, pois ocorreu num domingo e, no dia seguinte, havia treino. A gente não sabia o que dizer para os atletas, pois o Ricardo corria risco. Mas mostramos que a única forma de retribuir o carinho e a atenção dele seria seguir o trabalho e não deixar o clube cair. E o grupo se uniu mais.

    Pioneiro: Como o grupo recebeu o seu estilo de trabalho?
    Poletto: No primeiro dia, o Ricardo brincou: “estou trazendo um gauchão que cobra muito”. Mas foi tranquilo. Não cheguei querendo mudar, mas para fazer um trabalho integrado com todos os setores do clube, como médico, fisiológico, e deu certo. Foi importante também a sintonia da comissão, que falou a mesma linguagem.

    Pioneiro: Vocês já estão encaminhando a renovação, pensando na Libertadores?
    Poletto: Estamos conversando. O Ricardo está no projeto, devendo voltar a partir de março, abril, pois hoje ainda caminha com um pouco de dificuldade. O Rodrigo Caetano (diretor executivo de futebol) tem uma proposta boa de continuidade. Ele é muito importante no trabalho, pois blinda o vestiário e dá condições para a comissão técnica fazer a sua parte.

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