segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Agora, o sal faz bem à saúde

Nova pesquisa sugere que a recomendação para reduzir a ingestão de sal pode aumentar os níveis de gordura no sangue e causar doenças


Brasileiros ingerem mais do que o dobro da quantidade diária de sódio recomendada (Foto: ÉPOCA)
Um estudo publicado hoje no jornal da Associação Americana de Hipertensão contraria a orientação que médicos e nutricionistas dão a seus pacientes: reduzir a quantidade de sal na alimentação. A pesquisa, liderada por cientistas europeus, sugere que diminuir a ingestão de sal pode prejudicar a saúde, não fazer bem. O sal contém sódio, um mineral essencial à vida, mas que, em excesso, pode causar problemas, como aumento da pressão arterial. Ela leva a doenças cardiovasculares, como infartos e derrames. Os brasileiros consomem em média 12 gramas de sal por dia, quantia 2,5 vezes maior do que a recomendada. Estima-se que, se apenas 5 gramas fossem ingeridas diariamente, haveria uma queda de 15% nas mortes causadas por derrames e de 10% naquelas ocasionadas por infarto. Outros 1,5 milhão de brasileiros deixariam de tomar remédio para baixar a pressão.
O grupo do cientista dinamarquês Niels Graudal, do Hospital da Universidade de Copenhague, analisou o resultado de 167 estudos já publicados. Concluiu que reduzir o sódio na alimentação ajudou, sim, os voluntários a baixar a pressão arterial. Mas a privação aumentou a quantidade no organismo de fatores que também causam problemas cardiovasculares. A restrição alimentar aumentou em 2,5% os níveis de colesterol e em 7% o de triglicérides. Ambos são tipos de gordura que podem se acumular nos vasos sanguíneos.
Os autores do estudo dizem que faltam pesquisas para entender os efeitos em cadeia da redução de sódio. O que é mais seguro: reduzir a pressão e aumentar os níveis de gordura ou baixar os níveis de gordura e aumentar a pressão?
A pesquisa do grupo dinarmaquês é mais uma de uma safra recente que questiona o consenso científico sobre a necessidade de reduzir a ingestão de sódio para evitar doenças cardiovasculares. Em maio, o pesquisador Jam Staessen publicou no Journal of The American Medical Society (Jama) outro estudo sugerindo que reduzir a ingestão de sódio não é boa ideia. Staessen, da Universidade de Leuven, na Bélgica, acompanhou mais de 3.600 europeus durante 8 anos. Morreram mais voluntários do grupo que consumia menos sal do que do grupo que consumia mais sal. O estudo foi criticado na comunidade científica por ter falhas metodológicas.
O debate parece estar apenas no começo. Leva-se anos para construir consenso científico sobre um assunto. Há décadas os pesquisadores estudam os efeitos do sódio no organismo e estavam seguros sobre as vantagens em reduzir seu consumo. Enquanto a polêmica não se resolve, talvez, o melhor seja seguir a recomendação de sempre e ficar de olho no saleiro.

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