segunda-feira, 21 de abril de 2014

Vômitos e desmaios no treino podem indicar problemas de saúde


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"É absurdo pensar que tem que sofrer pra atingir objetivo”, diz fisiologista


Diz a sabedoria popular de que “tudo que é demais, sobra” e, infelizmente, temos visto cada vez mais atletas profissionais e amadores chegando na reta final das provas de atletismo passando muito mal, com vômitos e desmaios que demonstram o quanto exageraram na prática. “Não faz sentido preconizar esse tipo de situação. Passa por cima de valores que são mais importantes do que o próprio desempenho, que estão relacionados à preservação da saúde e da integridade física de cada um. É absurdo pensar que tem que sofrer para atingir o objetivo”, afirma dr. Turíbio Leite de Barros, fisiologista (drturibio.com).

 

Reação anormal


Tanto o vômito quanto os desmaios são indícios que o corpo dá de que algo não vai bem. Portanto, o atleta que chega a esse extremo coloca sua saúde em risco. Dr. Turíbio destaca que, por mais intensa e/ou prolongada que seja uma prova, é preciso ter noção dos próprios limites e tomar providências para evitar a perda excessiva de eletrólitos, a desidratação e a hipertermia.

Corredores, triatletas etc precisam cuidar da hidratação para que o corpo regule adequadamente sua temperatura durante a prova e, mais do que isso, precisa repor os sais minerais perdidos no suor. Por isso a equipe que atende o atleta – o profissional de educação física, a nutricionista etc – precisam ter uma estratégia adequada de reidratação.

Sinal de alerta


Dr Turíbio conta que o desmaio pode indicar uma série de situações, como um quadro agudo de desidratação e hipertermia e até um problema cardíaco ou vascular. “É uma síncope, uma perda da consciência que pode ter causas diferentes.” A náusea e o vômito também não são esperados no treinamento e demonstram o excesso de esforço e, quando frequentes, ainda podem trazer problemas como o enfraquecimento e até queda dos dentes, irritações no esôfago e no trato digestivo, entre outros.

“Hoje o treinador tem parâmetros que proporcionam estabelecer o limite de cada atleta com segurança. São testes de avaliação que te permitem fazer um diagnóstico da aptidão física e limites de cada um. Essas avaliações são o ponto de partida da responsabilidade do profissional”, destaca Dr. Turíbio.

O profissional de educação física deve observar os sinais que o organismo do atleta dá para saber se o treino não ultrapassou os limites. Dentre os sintomas do overtraining ou overrated temos:

-Agudos: evidentemente os que se manifestam quando o indivíduo tenta sobressair os limites da dor e do desconforto que são os sinais evidentes de excesso e que não devem ser desrespeitados. “O principal indicador é a dor e suportá-la não é absolutamente uma situação que o atleta possa concordar em aceitar. Não tem como superar a dor e passar por cima desse mecanismo de defesa”, diz Dr. Turibio.

-Crônicos: variados, são sinais que se manifestam de diversas maneiras, como prejuízo da qualidade do sono, problemas de apetite, recuperação mais lenta pós-exercício, etc. Nas mulheres, ainda tem irregularidades no ciclo menstrual e até suspensão da menstruação. “A alteração hormonal também acontece no homem, mas como ele não tem ciclo menstrual, só perceberia se ele fizesse um espermograma, porque aí ele constataria que sua fertilidade fica prejudicada pelo excesso de treino, ele reduz a vitalidade e o número de espermatozoides”, diz o fisiologista.

Vida em risco


A avaliação médica, embora não seja obrigatória, é sempre recomendada antes e até mesmo depois do início da prática esportiva, caso o atleta passe mal. O fisiologista diz que o exercício não mata ninguém, mas sim alguma doença não diagnosticada e que pode ter na atividade um gatilho que pode desencadear a morte. “Ninguém morre se não tiver uma doença que se manifestou a partir do exercício mais intenso, mas você pode causar um mal crônico para a saúde, acumular prejuízos que se tornam irreversíveis”, diz Dr. Turíbio.

A vida do praticante de atividade física pode ser colocada em risco, não apenas no caso das doenças pré-existentes e mal diagnosticadas, mas também pelo overtraining ou overrated, já que neste caso ultrapassa-se os limites do corpo e pode-se alcançar uma desidratação extrema e até dano cerebral por conta da temperatura extrema. “É difícil assegurar até onde não há riscos”, diz o fisiologista.

Desmaios e vômitos não são sinais de uso de substâncias ilegais, necessariamente, mas seu uso pode reduzir as defesas do organismo e as chances de se ultrapassar os limites do organismo.

segunda-feira, 31 de março de 2014

Pesquisadores apresentam riscos das cabeceadas no futebol

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A prática, que pode ocorrer milhares de vezes ao longo de uma carreira, contribui para o declínio cognitivo dos atletas.

Os gols de cabeça que fazem a alegria de torcedores têm um significado oposto para a saúde de seus autores. Foi isso o que provou um estudo desenvolvido pela Universidade de Toronto, no Canadá, publicado ontem na revista científica “Brain Injury”. Os diversos contatos com o crânio durante um jogo de futebol podem contribuir, a longo prazo, para o declínio cognitivo dos atletas.

Esses danos não são tão severos como os provocados pelo boxe, mas é preciso cuidado. Quem vive da atividade está sob constante risco de sofrer colisões que causam concussões — lesões cerebrais moderadas. Os casos mais graves, por exemplo, são ocasionados pelo contato acidental ou inesperado, como os que são fruto da colisão entre jogadores.

Entretanto, é cada vez mais latente a preocupação com consequências comportamentais a longo prazo para quem sofre constantes impactos leves.

A avaliação, feita com base em análises de outras pesquisas sobre o assunto, apontou que jogadores mais antigos apresentavam déficit de memória e percepção, além de resultados ruins em testes de atenção. Também foi constatado prejuízo no pensamento conceitual e nos tempos de reação e concentração. O trabalho foi liderado pelo médico Tom Schweizer, diretor do Programa de Neurociência do Hospital de St. Michael.

Segundo o estudo, em times colegiais americanos, 62,7% dos jogadores avaliados já haviam sofrido sintomas de concussão durante um jogo. No entanto, apenas 19,2% perceberam o problema. Goleiros e jogadores de defesa são os mais expostos à riscos.

As concussões também representam 15% do total de abalos cerebrais registrados em atividades esportivas. No total, aponta a pesquisa, 41,1% das lesões moderadas resultam do choque da cabeça com cotovelos, braços e mãos; e 58,3% ocorrem em dias de disputa de algum título.

Sem alarmismo

Para Claudio Gil de Araújo, diretor médico da Clinimex, especializada em medicina do esporte, esses números não devem causar espanto. Ele ressalta que não existe risco zero em qualquer atividade esportiva e que o histórico do futebol, especialmente no Brasil, não está relacionado a grandes traumas cerebrais.

— O que é importante ser feito é minimizar esses riscos, ao mesmo tempo em que se maximizam os benefícios desta atividade esportiva. Nosso cérebro está flutuando dentro de uma camada líquida. Ele sabe se proteger bem — assegurou.

Entorse de tornozelo: saiba como prevenir e tratar a lesão

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O problema de saúde é comum em atletas, especialmente no futebol, e se negligenciado pode condenar as articulações.


Se tivermos um vilão na atividade física e esportiva ele atende pelo nome de "entorse" e o sobrenome "tornozelo". A entorse de tornozelo é a ocorrência traumática articular mais frequente nos esportes, independente da atividade física ou modalidade que se pratique.

Esta lesão articular aguda está associada, por um lado, ao treinamento insuficiente dos músculos e ligamentos, por outro, à qualidade da superfície na qual o esporte é jogado.

A primeira providência na prevenção de tão freqüente ocorrência é com a superfície. Buracos, ondulações, piso molhado (que altera a aderência com o calçado esportivo), superfícies com atrito maior nas paradas, mudança de direção e arranques de velocidade são fatores a serem observados. Para os fanáticos por futebol é fácil observar gramados bastante irregulares, verdadeiras armadilhas para os tornozelos dos jogadores.

Ao praticante também cabe atenção ao treinamento. Os músculos responsáveis pela estabilidade dinâmica dos tornozelos, dependente de sua força e elasticidade, como os tibiais e fibulares, por exemplo, devem receber programação específica e independente.

Junto, os exercícios de propriocepção "treinam" os estabilizadores estáticos, os ligamentos, e também devem ser praticados independentemente da fase de treinamento que o atleta se encontra, ou seja, rotina de treinamento paralela ao desenvolvimento de suas habilidades e condicionamento físico.

Se tudo isso falhar há uma grande probabilidade de você torcer o tornozelo em algum momento de sua vida esportiva: movimento articular súbito, inesperado e vigoroso, acompanhado de dor intensa e incapacitante, inchaço (edema) e sangramento, o hematoma. Estes são sinais e sintomas que revelam o dano tecidual estabelecido pelo stress do trauma além do limite suportado pelos ligamentos.

Na entorse os ligamentos envolvidos estiram ou se rompem, parcial ou por completo, classificados em grau já visando o planejamento para tratamento: leve, grau I, moderado, grau II, ou grave, grau III. Os leves se resolvem geralmente em até 15 dias enquanto os graves podem estender o tratamento por meses.

Ocorrido o fato, pare imediatamente com a atividade para evitar que o quadro possa se agravar. Identifique corretamente o que aconteceu, pois, quanto mais preciso o diagnóstico e precoce o início do tratamento, mais rápido o retorno ao esporte. Aplique gelo, repouse, evite o apoio e deixe o membro acometido elevado. Procure tratamento especializado o mais rápido possível por mais simples que a lesão possa parecer.

Negligenciar uma entorse de tornozelo, por mais leve que seja, é condenar a articulação a instabilidade com consequências que podem ser desastrosas.

O esporte, qualquer que seja, será retomado apenas após a cura completa do trauma articular. A memória do episódio doloroso ajuda neste início para os mandamentos da prevenção:

- Proteger os tornozelos com bandagens ou tensores

- Conhecer o tipo de piso e usar o calçado adequado ou mesmo evitar superfícies impróprias para prática segura

- Incorporar treinamento específico para a prevenção de recidivas, como fortalecimento muscular e treinos de propriocepção

- Condicionamento físico geral, não só o específico e de habilidades relacionadas ao esporte praticado

- Siga os conselhos do seu médico assistente. São muito valiosos apesar de você, na maioria das vezes, poder achá-los aborrecidos.

Evitar a ação deste "vilão" é muito mais fácil, mais barato e menos doloroso que tomar as providências após o seu, digamos, ataque. Sem levar em conta os meses que ele pode te deixar longe do esporte que você pratica e gosta.

Dor muscular nunca deve ser ignorada

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É difícil encontrar alguém que não sofreu com dores musculares pelo menos uma vez na vida. Também chamada de mialgia, acomete qualquer parte do corpo devido à tensão nos músculos.

As causas mais comuns são esforço excessivo, provocado por sobrecarga além da capacidade usual do indivíduo, seja em treinos esportivos ou não, alterações posturais ou até estresse.

"Tais ocorrências dolorosas também podem ser resultado de traumatismo repetitivo ou processos inflamatórios", salienta Jomar Souza, especialista em Medicina do Exercício e do Esporte, ex-presidente e membro da SBMEE (Sociedade Brasileira de Medicina do Exercício e do Esporte).

Vale lembrar que a dor é um mecanismo de autoproteção do corpo, uma espécie de alerta para a possibilidade de surgirem lesões. Diante de estímulos químicos, térmicos ou mecânicos, as terminações nervosas "avisam" ao organismo que há o risco de o músculo ser danificado.

Dor mais comum


De todas as dores que afetam o ser humano ao longo de sua existência, as musculares, ou miofasciais, são as mais prevalentes. "Elas podem ser agudas ou crônicas: no primeiro caso, surgem depois de um esforço físico exagerado, e se manifestam durante um período específico de tempo; no segundo, são persistentes. No exame médico ou fisioterápico, o paciente reclama quando o ponto de irritabilidade muscular é pressionado", destaca Maurício Garcia, fisioterapeuta do Centro de Traumatologia do Esporte da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).

Está claro, então, que há diferentes tipos de dores musculares. Conforme esclarece Jomar Souza, há aquelas que ocorrem de forma difusa e bilateralmente, associadas ao reinício de atividades físicas ou à mudança para mais carga ou intensidade do treinamento; as causadas por lesões agudas, como estiramentos e distensões; e as provocadas por doenças reumáticas como a fibromialgia.

Alvo: membros inferiores

Quando ligada à atividade física, há muitas particularidades em relação à dor muscular. Os membros inferiores, por exemplo, são os mais atingidos. "Cerca de 90% das lesões esportivas acontecem em quadris, coxas, joelhos, pernas, tornozelos e pés", informa Moisés Cohen, professor titular e chefe do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unifesp e diretor do Instituto Cohen de Ortopedia, Reabilitação e Medicina do Esporte (SP).

Exercícios vigorosos em não praticantes de ginástica é um fenômeno muito comum, ele explica. "O desconforto será pior durante a contração muscular ativa e no alongamento passivo. Geralmente, se inicia algumas horas após o término da malhação e tem seu pico de intensidade em 24 ou 48 horas." Dentre as lesões esportivas, alguns levantamentos mostram que 45% se localizam no joelho, 9,8% no tornozelo e 7,7% no ombro.

É bom ficar atento a dores musculares persistentes, pois podem revelar a presença de problemas mais sérios. "Se o desconforto é provocado por exagero nos exercícios ou má postura, por exemplo, os grupos musculares sofrerão logo na sequência, com regressão da dor entre 48 e 72 horas. Qualquer outro tipo deve ser avaliado por um médico especializado", adverte Souza.

O ortopedista Moisés Cohen enumera os sintomas que merecem atenção: dor no peito, que irradia para o braço, indicando algum problema cardiológico; dor nas costas, acompanhada de irritação, formigamento e diminuição de força motora nos membros inferiores, que precisa ser avaliada para descartar possibilidade de hérnia de disco; dor no corpo todo, associada a desânimo e falta de energia, provavelmente decorrente de depressão e fibromialgia.

Vale ficar atento a distúrbios hormonais, como hiper e hipotireoidismo, que promovem dores musculares e estão geralmente ligados a sinais como aumento ou diminuição da sensação de calor ou frio; disfunções hidroeletrolíticas, como hiper ou hipocalemia (alteração de controle de potássio no sangue), apresentando aumento de incidência de dores musculares e câimbras; fadiga crônica, fibromialgia, infecções virais e bacterianas, gripes e lúpus, que desandam dores musculares; e, finalmente, as estatinas, medicamentos prescritos para tratamento de colesterol alto, igualmente provocadores do problema.

Pausa é essencial

Outro fator importante a considerar é que as dores musculares também surgem por movimentos repetitivos. Basta lembrar dos digitadores que, comumente, sofrem com desconforto nos músculos dos antebraços.

"O ideal é evitar movimentos repetitivos por períodos superiores a uma hora. É essencial que, após este intervalo, a pessoa pare e faça uma pausa regular, aproveitando para relaxar e alongar a parte que está sendo exigida", sugere Jomar Souza.

"Jamais devemos exceder a capacidade de uma das inúmeras estruturas musculares que temos. Tal esforço recorrente leva à intolerância local, com dores e lesões", lembra Maurício Garcia.

Mas não pense que é possível tratar o problema de forma "caseira", sem recorrer ao médico. Até o uso de pomadas e relaxantes locais deve ser prescrito por um médico. "Não dá para ingerir nenhum medicamento por conta própria. A automedicação não vale nem para a aplicação de gelo ou água quente", diz Jomar Souza.

Para Moisés Cohen, o correto é, a qualquer suspeita de lesão, procurar ajuda especializada imediatamente. "Só assim é possível avaliar a extensão e intensidade do distúrbio para tratá-lo adequadamente."

Preparador Físico Futebol Profissional - RODRIGO POLETTO: Cross Fit: perigo, lesão à vista

Preparador Físico Futebol Profissional - RODRIGO POLETTO: Cross Fit: perigo, lesão à vista: Matéria publicada pelo site Go outside.com.br Moda em academias do mundo todo, o CrossFit vira alvo de crí...

Cross Fit: perigo, lesão à vista

Moda em academias do mundo todo, o CrossFit vira alvo de críticas, principalmente por causa da longa lista de participantes que se machucaram feio fazendo esses exercícios.


No mês de Julho, quase 300 mil pessoas nos Estados Unidos ligaram suas TVs para assistir ao vivo, no canal ESPN 2, a Rich Froning, de 26 anos, e Samantha Briggs, de 30, ganharem o Reebok CrossFit Games. Os dois superaram 138 mil participantes de todo o mundo em três rounds de competição. Por seus esforços, que incluíram os principais exercícios do CrossFit, como uma duríssima série de levantamento de peso, Rich e Samantha embolsaram US$ 250 mil cada e ainda ganharam o título de “os mais bem condicionados da Terra”.

Impulsionados por competições desse tipo nas academias, os exercícios de alta intensidade do CrossFit (levantamentos olímpicos, séries em barras e outros desafios com cara de treinamento militar) tiveram uma explosão em popularidade, até mesmo no Brasil. Atualmente existem cerca de 10 mil academias afiliadas à marca CrossFit em todo o mundo. Mas, por trás dessa atividade competitiva capaz de fazer muita gente vomitar de tanto esforço, há uma lista cada vez maior de praticantes lesionados. Muitos tiveram deslocamentos de disco da coluna vertebral, rompimentos dos músculos do manguito rotador, tendinopatia de joelho, entre outras lesões. Nenhuma organização de saúde ou de treinamento está acompanhando oficialmente as taxas de lesões, porém Robert Hayden, quiroprata norte-americano e porta-voz da Associação de Quiropraxia dos EUA, afirma que é possível notar um aumento significativo no número de pacientes vindos do CrossFit nos últimos dois anos. “Entre meus colegas, costumamos brincar dizendo que o CrossFit tem sido ótimo para nossa profissão, já que recebemos cada vez mais pacientes”, diz Robert.

A culpa desse festival de lesões vem da natureza do treinamento proposto pelo CrossFit. A maioria das séries do CrossFit inclui levantamentos de peso, muitos com agachamentos, que exigem uma postura quase perfeita para evitar machucados sérios. Os novatos raramente têm a força muscular ou a orientação necessárias para realizarem todos os movimentos corretamente. Junte a isso o alto número de repetições e o clima de competição incentivado pelo CrossFit, e tem-se uma receita perfeita para o desenvolvimento de lesões. “Se você tiver uma condição pré-existente (um antigo problema no ombro, danos em tendões ou deslocamentos de disco), esse tipo de exercício vai te colocar em uma situação de risco”, diz Robert.

Essa não é a primeira vez que o CrossFit está sob os holofotes devido a lesões em seus adeptos. Logo quando surgiu, ele ganhou a reputação de ser tão intenso que poderia induzir a rabdomiólise, uma condição potencialmente fatal na qual o tecido muscular se decompõe e é lançado na corrente sanguínea. Mas, agora, o foco está em problemas músculo-esqueléticos. Recentemente, a publicação científica Journal of Strength and Conditioning Research, especializado em pesquisas sobre condicionamento e força, publicou um estudo mostrando impressionantes ganhos de condicionamento entre praticantes de CrossFit, com participantes de um programa de dez semanas aumentando seu VO2 máximo em cerca de quatro pontos. Mas a pesquisa também revelou uma estatística preocupante: 16% dos 54 participantes estudados precisaram desistir do treinamento devido a “esforço excessivo ou lesões”. Em 2011, o exército dos EUA aconselhou seus soldados a evitarem o CrossFit, citando “risco desproporcional de lesões músculo-esqueléticas”.

Diante de tantas críticas, os criadores do CrossFit lançaram uma contra-ofensiva. Como defesa, seus representantes alertaram as pessoas de que, caso não tenham condições de realizar os exercícios corretamente, elas devem deixar o treinamento. Mas desistir é uma ideia difícil de se vender a muitos participantes, que veem seu ganho de condicionamento como uma competição, principalmente agora que os CrossFit Games estão tão populares onde o número de participantes aumentou mais de 400% desde 2011. “Em 2013, parecia que todo mundo na minha academia estava se preparando para uma competição de CrossFit”, conta a norte-americana Emily Carothers, que terminou na 23ª colocação nos jogos de verão. “Muitos estavam forçando mais do que deveriam.”

Talvez essa seja a raiz do problema. Desenvolver uma boa técnica e trabalhar para superar as fraquezas sem sair dos seus limites nem sempre é possível quando você está suando para vencer o colega da academia em uma competição. Se, entretanto, você enxergar o CrossFit como um esporte, composto por ciclos de maior intensidade e períodos de descanso e recuperação (incluindo dias off sem fazer nada), dá para encará-lo de forma muito mais saudável. Emily, por exemplo, faz isso há tempos. “Eu tenho praticado CrossFit há três anos e meio, e só tive uma lesão, no meu quadril”, conta ela, que já foi ginasta na época da faculdade. “Quando estava na universidade, passei por nove cirurgias em quatro anos. No que diz respeito aos esportes, o CrossFit é, sim, uma boa opção.”

sexta-feira, 21 de março de 2014

Dieta Detox

Dieta detox: uma semana para limpar o corpo

Um cardápio elaborado para eliminar toxinas e nutrir o corpo sem sacrifícios ou radicalismos



Detox: suco rico em antioxidantes ajuda a proteger o organismo
Muita gente pensa que alimentação detox é sinônimo de dieta radical, restritiva e cheia de ingredientes malucos.
A nutricionista Roberta Frizzo Serena esclarece: a detoxificação, ou simplesmente detox, é uma técnica da nutrição funcional cujo objetivo é ajudar o organismo a eliminar toxinas e outras substâncias prejudiciais à saúde.

“Com o padrão de vida atual, baseado em uma alimentação pobre em vitaminas e rica em hormônios, agrotóxicos, aditivos alimentares, açúcar, gordura e uso abusivo de medicamentos, estamos constantemente expostos a substâncias prejudiciais, que comprometem o bom funcionamento do corpo.”
Se você tem sintomas como cansaço excessivo, insônia, dificuldade de digestão, mau funcionamento do intestino, excesso se gases, retenção de líquido, falta de concentração, dores de cabeça e dificuldade para perder peso, vale a pena experimentar a detox.

Olhando à primeira vista, a dieta detox não tem muita diferença de uma dieta saudável. Mas, para cumprir o objetivo de desintoxicar o corpo, o programa aposta em alimentos naturais e exclui os alimentos industrializados e aqueles com alto potencial alergênico, como laticínios, leite de soja, glúten (trigo), cereais refinados, açúcar, adoçantes, corantes, conservantes, café e álcool.


O cardápio detox precisa conter frutas, verduras, legumes orgânicos (se possível), carnes magras, oleaginosas (castanhas, nozes, amêndoas), cereais (arroz integral, quinua, amaranto), leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico), sementes (linhaça, semente de abóbora e girassol) e muito líquido (água mineral, chás, água de coco). E mais: deve-se caprichar nos temperos naturais, como alho, cebola, alecrim, gengibre, curry e as ervas frescas.

terça-feira, 18 de março de 2014

Meias de compressão reduzem a sensação de cansaço nas pernas


Acessório comprime os músculos da panturrilha e promove a maior regeneração da área afetada durante a prática do exercício físico

Por Rio de Janeiro
As meias de compressão foram criadas para ajudar a reduzir a sensação de cansaço e peso nas pernas após provas e treinos longos, diminuindo o risco de lesões. As meias têm a função de barreira elástica para os músculos da panturrilha, comprimindo a musculatura e melhorando o retorno venoso, que aumenta o fluxo sanguíneo na região. Por conta disso, há uma maior oxigenação e remoção de lactato, responsável pela regeneração mais rápida da área afetada. As meias de compressão podem ser encontradas em lojas de produtos esportivos, com preços que variam de R$39 a R$190.
Meia de compressão eu atleta (Foto: Reprodução)Meias de compressão aceleram a recuperação após o exercício (Foto: Reprodução)


Como usar
A eficácia cientificamente comprovada do uso das meias de compressão é dada após os treinos e as provas, para reduzir o inchaço e promover a rapidez na recuperação muscular em 38%, segundo o fisioterapeuta David Homsi, especialista do EU ATLETA. Existem atletas que utilizam as meias antes e durante as competições, mas não há comprovação de que este uso realmente funcione.

Uso de meias de compressão se tornou comum entre os corredores
Testamos
Meias de compressão ajudam a diminuir a sensação de cansaço e de peso nas panturrilhas, favorecendo o desempenho e diminuindo o risco de lesões, principalmente daqueles que percorrem grandes distâncias.
Meias de compressão  (Foto: Divulgação)As meias de compressão favorecem o desempenho do atleta (Foto: Divulgação)
No caso das Meias X2U, isso ocorre graças a um ajuste graduado através de uma malha circular e um poderoso sistema de fios antimicrobianos para melhorar a circulação do sangue, o que possibilita o aumento do fluxo de oxigênio com uma remoção mais rápida de lactato e diminui o desconforto e fadiga.
No modelo de corrida (Race Sock) há canais de ar que permitem uma melhor ventilação da área e impede a retenção de umidade, além de oferecer uma proteção e maior conforto para os dedos. Já o modelo Recuperação permite uma estabilização dos músculos e ligamentos, acelerando o processo de descanso.
Dica
Confeccionados em série e de forma padronizada, os modelos três quartos podem ser encontrados no mercado nos tamanhos P, M, G e GG, disponíveis nos comprimentos curto, normal e longo. Embora varie de produto para produto, seguidas todas as recomendações de uso e conservação, as meias têm sua compressão garantida de quatro a seis meses, e devem apresentar, no mínimo, 18% de elastano. Acima de 22%, pode dificultar a circulação sanguínea e prejudicar o praticante.

"Um estudo feito pela Celafiscs (Centro de estudo da medicina do esporte, em São Paulo) com triatletas comprova que as meias de compressão só funcionam após o esforço físico. Elas retardam a Dor Muscular Tardia (DMT), e são excelentes, pois a compressão deixa a fibra muscular mais unida, favorecendo a oxigenação e tornando a recuperação mais rápida". David Homsi é especialista em Fisioterapia Esportiva e Músculo-Esquelética, e colunista do EU ATLETA.
Opinião
"Eu me sinto melhor principalmente depois do exercício. Diminui muito aquelas dores na panturrilha que tanto incomodam após os treinos longos. A desvantagem que eu vejo é para quem, como eu, pratica triatlo. A perda de tempo na transição para pôr a meia é grande demais, ainda mais com pés molhados, e obviamente é inviável já nadar com a meia. É por isso que entre triatletas, pelo menos para as provas curtas, onde a transição importa mais, são mais comuns as polainas de compressão" Fábio Schubert Gelbcke (Rio de Janeiro, RJ)


 "Sem dúvidas, a meia de compressão faz diferença em treinos e provas mais longos (ultrapassando os 10 km). Noto que ela me faz pisar melhor, além de amortecer o impacto, principalmente em treinos longos onde você repete várias vezes o mesmo movimento". Thaíla Correia (São Paulo, SP)
"Para mim, a diferenca na performance e principalmente na recuperação é absurda! Dizem que a melhora realmente comprovada é apenas pós-prova, mas eu me sinto muito bem também competindo com elas. Às vezes, eu chegava tarde em casa e mal conseguia treinar, e a meia de compressão ajudou muito. E o meu conselho é: nem sempre a mais cara é a melhor". Lucas Porfírio (Rio de Janeiro, RJ)

quarta-feira, 12 de março de 2014

Fazer exercícios em jejum representa perigo e compromete desempenho

2014-03-05- fazer exercícios
Moda de tentar perder mais peso ao praticar atividades físicas sem comer não está baseada em pesquisas científicas e pode fazer mal à saúde.

A tentativa de obter melhores resultados com a prática de exercícios físicos para perder peso e diminuir a gordura corporal leva as pessoas a adotarem alguns hábitos que acabam se popularizando sem que existam comprovações científicas.

Este é o caso da moda, recentemente resgatada, de fazer exercícios físicos em jejum. Este hábito tem sido difundido, apesar de não estar baseado em nenhum trabalho científico que comprove sua teoria. A hipótese na qual o princípio está baseado é a de que após certo período de jejum, o organismo teria menor disponibilidade de carboidratos, e quando solicitado a produzir maior quantidade de energia durante um exercício, utilizaria para tanto uma maior quantidade de gordura como combustível.

Esta é uma teoria muito simplista e, na verdade, esbarra em alguns conceitos que a bioquímica do exercício estabelece. Em primeiro lugar, se de fato estiver faltando carboidratos para a demanda do exercício, a prática da atividade estará prejudicada, pois o carboidrato é essencial para a produção de energia. A consequência inevitável é que o desempenho estará prejudicado e, portanto, o gasto calórico da atividade pode ser comprometido. Em outras palavras, o rendimento pode ser menor e consequentemente o propósito de perda de peso estará minimizado.

Outro problema seria a utilização de proteínas para a produção de energia, suprindo a eventual carência de carboidrato. Nesta situação, o organismo estaria consumindo massa magra, o que certamente não é o objetivo de quem pretende perder peso.

Além disso, existe um outro grande problema. A eventual falta de carboidrato, fruto de uma condição de jejum de várias horas, ameaça um índice que o organismo não pode comprometer que é a glicemia. Ou seja, o nível de glicose no sangue. A prática de exercício nestas condições pode provocar mal estar, tontura, e até mesmo uma síncope, caracterizando um quadro de risco à saúde.

A existência de relatos pessoais de bons resultados deste hábito absolutamente não credencia sua adoção. Com certeza, quem adota esta prática e constata que obtém algum resultado está provavelmente se beneficiando do exercício e não do jejum. Aqueles que, ao contrário, tentaram a prática e tiveram problemas certamente não relatam o insucesso!

terça-feira, 11 de março de 2014

Benefícios da carne de porco


Ela tem menor teor de colesterol do que a carne bovina e o frango. É hora de este alimento fazer parte da sua dieta

Texto: Marcela Carlini/ Foto: Shutterstock/ Adaptação: Letícia Maciel
A carne de porco, assim como a carne de boi, tem cortes mais ou menos gordurosos
Foto: Shutterstock

Menos colesterol

O United States Department of Agriculture (USDA ) acaba de concluir um estudo apontando que a carne de porco possui menor teor de colesterol, sódio e potássio que a bovina e a de frango. Além disso, tem grande quantidade de tiamina (vitamina B1), muito importante na prevenção de problemas vasculares; e selênio, conhecido por ser um poderoso antioxidante que promove a renovação celular.

Carne que engorda

Depende. A carne de porco, assim como a carne de boi, apresenta diferentes cortes, dependendo da região do corpo do animal. Desta forma, há cortes mais ou menos gordurosos. O filé suíno (100 g), por exemplo, tem 55% mais calorias do que a mesma quantidade de lombo, e ainda possui 30% mais lipídios (gorduras).

Cuidado na hora de comprar

O perigo está na qualidade da produção da carne, pois existe a possibilidade de contaminação do rebanho por micro-organismos. Portanto, antes de comprar, procure saber a origem do produto para ter certeza de que foram cumpridas as exigências estabelecidas pelos serviços de inspeção da Secretaria da Agricultura e da Vigilância Sanitária.Faz mal comer à noite
Essa informação é falsa. O alimento é fonte de proteína e, dentro de um contexto de alimentação equilibrada, não haverá problema algum se for consumido à noite.

Não provoca alergias

É fato que as alergias de origem alimentar estão relacionadas às proteínas. Mas, embora a carne suína seja fonte deste nutriente, ela não apresenta um índice tão elevado de reações alérgicas. Já os produtos embutidos, feitos a partir de carne de porco, levam em sua composição alguns componentes químicos que podem desencadear quadros alérgicos, embora não estejam diretamente relacionados à carne suína.

O bacon é a carne mais calórica

Esta é a parte subcutânea (que fica logo abaixo da pele) do porco, região que apresenta grande quantidade de gordura. Cada 100 g de bacon frito possui 697 kcal.

Tem os mesmos nutrientes que a carne bovina e a de frango

As carnes, em geral, apresentam quantidade de nutrientes parecida entre si, porém deve-se prestar atenção quanto aos cortes. Para que você possa comparar, saiba que 100 g de lombo suíno assado possui 280 kcal, 28,9 g de proteína e 82 mg de colesterol, enquanto a mesma porção de picanha bovina, sem gordura e grelhada, conta com 238 kcal, 31,9 g de proteína e 100 mg de colesterol. Já a sobrecoxa de frango, sem pele e assada, tem 233 kcal, 29,2 g de proteína e 145 mg de colesterol. Assim, a quantidade de proteínas é semelhante, o que diferencia é o teor de colesterol e as calorias que cada corte possui.

Preparador Físico Futebol Profissional - RODRIGO POLETTO: O que e Crossfit???

Preparador Físico Futebol Profissional - RODRIGO POLETTO: O que e Crossfit???: CrossFit é um programa de treinamento de força e condicionamento geral que proporciona a mais ampla adaptação fisiológica possível para...

O que e Crossfit???

CrossFit é um programa de treinamento de força e condicionamento geral que proporciona a mais ampla adaptação fisiológica possível para qualquer tipo de pessoa, independente de idade ou nível físico, gerando assim uma maior otimização de todas as capacidades físicas; são elas: resistência cardio-respiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio e precisão.



CrossFit é o principal programa de treinamento de força e condicionamento físico usado em muitas academias de polícia, grupos de operações táticas (como SWAT), unidades de operações especiais do exército americano (como os US Marines), por campeões de artes marciais e centenas de outros atletas de elite e profissionais pelo mundo, assim como por mães, avós, crianças e até mesmo pessoas com necessidades especiais.
O programa proporciona um tipo de condicionamento físico que por definição é amplo, geral e inclusivo; ou seja, nossa especialidade é não sermos especializados.

Sobrevivência, combate, muitos esportes e a vida dependem desse tipo de condicionamento, e em geral segrega os especialistas. Nós treinamos para sermos o melhor possível nos mais variados tipos de proezas físicas ao invés de irmos ao extremo em apenas uma ou duas aptidões físicas como força ou resistência.

Nossos atletas são treinados para pedalar, correr, nadar e remar em curta, média ou longa distância garantindo terem capacidade de trabalhar com um ótimo rendimento dentro de cada uma das três fontes metabólicas principais. Com isso nosso treinamento também se diferencia por seu foco na maximização da resposta neuro-endócrino, através de um treinamento constante com a prática de movimentos funcionais, desenvolvendo potência, misturando diversas modalidades e juntando ainda estratégias de dieta de sucesso.


O resultado final desse treinamento é justamente estarmos acima da média quando o assunto é condicionamento físico e consequentemente acima da média em saúde e qualidade de vida. Para nós isso pode ser medido quando você vai bater bola com os amigos, andar de bicicleta, carregar as compras do supermercado ou pegar seu filho no colo. Nossos atletas conseguem fazer mais exercícios, de uma maneira eficiente e por mais tempo que a média, ou seja, eles vivem suas vidas de uma maneira melhor.

A grande vantagem é que o programa de treinamento da CrossFit proporciona uma adaptação universal para qualquer tipo de pessoa, independente da sua idade, condicionamento ou experiência. Nós temos usado o mesmo tipo de treinamento para idosos com problemas de coração e para lutadores profissionais. Nós adaptamos a carga e intensidade, mas não mudamos o programa.


Nosso sistema único de treinamento é baseado em movimentos funcionais, constantemente variados e executados em alta intensidade.

Movimentos Funcionais são aqueles que possuem uma grande transferência para suas atividades cotidianas, Intensidade é a variável dependente que normalmente é mais associada com a melhora do condicionamento físico e Constantemente Variados significa que estamos treinando para uma infinidade de tarefas físicas que a vida nos apresenta. Resumindo, isso também pode ser entendido como a capacidade de mover grandes cargas por longas distâncias o mais rápido possível.

Parada de Mão
Foto feita na CrossFit Vancouver

Nós treinamos nossos atletas em Ginástica desde o movimento mais rudimentar até os mais avançados garantindo assim uma ótima capacidade de controlar o corpo tanto em movimento quanto parado, aumentando assim a sua relação de força-peso e flexibilidade. Nós também damos uma grande ênfase nos movimentos de Levantamento de Peso Olímpico tendo em vista a habilidade única desse esporte em desenvolver uma grande potência muscular em seus atletas, através da manipulação de um objeto externo e do domínio de um enorme  padrão de recrutamento motor.
Usamos também qualquer outro tipo de movimento ou exercício que julgarmos importante suficiente para promover uma grande adaptação  neuro-muscular, como correr, pular, remar, pedalar, etc. E finalmente, nós encorajamos e ajudamos nossos atletas a explorar uma grande variedade de esportes como um veículo para treinar e aplicar seu condicionamento físico.

Existe uma revolução crescente no mundo feita por pessoas que estão preocupadas realmente com seu nível real de condicionamento físico e não com sua aparência de “estar em forma”. Pessoas que já perceberam que a melhor maneira de parecer em forma é realmente estar com um bom nível de condicionamento físico.
É justamente por acreditar nisso que nós da CrossFit tentamos ao máximo nos aprimorar em busca do maior condicionamento físico possível; porém, O QUE É CONDICIONAMENTO FÍSICO?
Nós usamos três conceitos diferentes para avaliar e nos guiar nessa direção. Cada um é baseado em uma área diferente de conhecimento em atividade física, para no final chegarmos a um consenso que leva ao nosso método de treinamento.
Running Drill 1 

O primeiro conceito é baseado nas 10 capacidades ou aptidões físicas conhecidas pela sociedade mundial de fisiologistas do exercício, que podem ser melhoradas através de adaptações neurológicas e/ou orgânicas. São elas: resistência cardio-respiratória, resistência muscular, força, flexibilidade, potência, velocidade, coordenação, agilidade, equilíbrio e precisão.
Quanto mais competente em cada uma delas, mais condicionado você está, ou seja, um bom programa de treinamento deve conter exercícios que desenvolvam uma adaptação em cada uma dessas aptidões.
O segundo conceito é essencialmente a execução de qualquer atividade física de uma maneira randômica, ou seja, poder fazer bem qualquer tipo de tarefa que a vida nos propõe. Esse modelo sugere que o seu condicionamento físico pode ser medido pela sua capacidade de desempenhar bem uma tarefa em relação ao como fazia antes ou até mesmo comparado a outras pessoas. Seguindo essa idéia que nosso modelo de treinamento se baseia em exercícios funcionais feitos em relativa alta intensidade e constantemente variados. Nós NUNCA caimos numa rotina de treinamento; aqui você sempre treinará para desempenhar qualquer tarefa imaginável, seja ela curta, longa, combinada ou totalmente desconhecida para você, sempre visando melhorar o seu resultado final.

O terceiro conceito engloba as três vias metabólicas que nos provém energia para qualquer tipo de ação física. A primeira usa o fosfogênio de nossos músculos como fonte de energia e é responsável pelas atividades de maior potência, e dura aproximadamente 10 segundos; a segunda utiliza o glicogênio circulante como energia e rege as atividades de potência moderada, com duração de poucos minutos; já a terceira via é a oxidativa , também conhecida como aeróbia, responsável por mobilizar energia principalmente da gordura estocada em nosso corpo e nos permite executar atividades de baixa potência porém de média e longa duração.
Um condicionamento físico total deve então promover e desenvolver um treinamento que seja executado em cada um dos três sistemas de energia, buscando o melhor efeito possível do equilíbrio entre eles.

Apenas após entender o que Condicionamento Físico realmente significa é que você entende o porque do nosso método de treinamento buscar sempre desenvolver a mais ampla adaptação possível sem se focar em apenas um aspecto da aptidão física, como por exemplo a prática incessante de corridas de longa distância. Nós sabemos muito bem que todos temos pontos fortes e fracos, por isso mesmo que fazemos questão de treinar ambos.

Então qual a consequência desse treinamento todo? SAÚDE!!! Qualquer pessoa que treina para aprimorar o seu condicionamento físico, consequentemente está treinando para melhorar seus parâmetros de saúde e também sua aparência. Quando feito corretamente e sem exagero o condicionamento físico também nos ajuda contra os efeitos da idade e protege contra doenças.


A variedade de exercícios que usamos na CrossFit Brasil é praticamente infinita. Nós pulamos corda, corremos, levantamos peso, saltamos, remamos, escalamos corda, jogamos medicine ball para todo lado, subimos nas argolas, nos penduramos na barra, damos cambalhota e fazemos qualquer outro exercício que julgarmos ser útil para nossas vidas.


Rope Climb 1

Nós não temos vergonha em dizer que copiamos qualquer modalidade esportiva, exercício existente ou algum esporte específico, porque para nós “a mágica está nos movimentos, mas a arte está em como misturá-los”.
Então não espere que aqui você vá fazer todos aqueles velhos exercícios de isolamento muscular de musculação, como Leg Press, Chest Press ou Lat Pull Down, pelo contrário, nós vamos lhe ensinar o porque esses “exercícios” NÃO DEVEM SER FEITOS. Nós não vamos lhe ensinar a movimentar uma máquina mas sim a usar o seu corpo, porque aqui nós lidamos com desempenho humano.

Se você não é capaz de fazer algum de nossos exercícios, você vai aprender cada passo necessário adaptado para sua condição até chegar a um ponto em que vai olhar para trás e se perguntar porque nunca tinha feito isso antes.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Creatina Quinase (CK)

Creatina Quinase

 













 

O que é creatina quinase (CK)?

A creatina-quinase ou CK é uma enzima importante que desempenha um papel na alimentação de energia dos músculos. Pode ser encontrada em quase todos os músculos do corpo e de uma forma particular, nos cérebros de volta. No dano de células musculares, a concentração de CK aumenta no sangue podendo, assim, ser medida através de um exame.

Por quê?

A fim de detectar danos no coração ou músculo esquelético pode ser a concentração de creatina-quinase no sangue é determinada. A quantidade de valores de creatina-quinase é então uma medida dos danos para as células musculares. Existem três tipos de creatina quinase:
  • CK-MB (tipo de músculo)
  • CK-MM (tipo de músculo esquelético)
  • CK-BB (tipo cérebro)
O total de creatina quinase que você ganha quando você somar todos os três tipos juntos. Danos no tecido muscular pode crescer muito mais rapidamente e, por vezes, 100 a 1000 vezes superior ao normal. A cinase de creatina no sangue, eventualmente, é excretada pelos rins.

Qual é a CK-MB?

CK-MB é especialmente comum em músculo cardíaco e, por conseguinte, é por vezes usada como um marcador de enfarte do miocárdio. Em caso de danos no músculo do coração, tal como um enfarte do miocárdio, um aumento na CK-MB pode ser medido no sangue.

Os valores normais CK

Homens <200 U / L
Mulheres <170 U / L
Recém-nascidos até 3 × valores dos adultos
Primeiro ano de vida aumentou ligeiramente

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Treinamento Força: Alongamento e Hipertrofia


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Alongamento: IGF-1, bag-stretching e hipertrofia.

Constantemente ouvíamos “marombeiros” falando: “não alongue pois atrapalha o ganho de massa muscular!”,”alongamento não serve para nada!”. O legado desta teoria infundada é o grande número de malhadores com a musculatura encurtada, vemos freqüentemente bíceps que não estendem totalmente, ombros projetados à frente, escápulas elevadas…
Muitos desconhecem que o alongamento não serve só como meio de profilaxia de lesões ou na promoção da batidíssima qualidade de vida. Na verdade exercícios de alongamento podem favorecer o anabolismo através de duas maneiras distintas: aumento do espaço físico dentro da fibra muscular e liberação de hormônios anabólicos
Alguns autores acreditam que o alongamento da célula favorece o crescimento da fibra muscular por aumentar o espaço físico (HAUSSINGER, 1990 e 1993; MILLWARD, 1995). Supõe-se que ao “esticarmos” a célula, ocorre a dilatação dos tecidos conjuntivos que as envolvem. Além disso, há uma relação de proporcionalidade direta entre dimensão da célula muscular e sua quantidade de núcleos (ALLEN et al, 1995; MOSS, 1968). Outra suposição é que o contato físico entre as células musculares pode ser um sinal para que as células satélites permaneçam inativas, portanto ao aumentar-se o espaço entre as fibras, tais células ativam-se e formam novos núcleos e/ou novas fibras (BISCHOFF et al, 1990). Lembre-se: no núcleo se encontra o DNA, a partir do qual é sintetizado o RNAm, que por sua vez direciona o processo de síntese protéica. Tire daí sua conclusão…
Existem autores que se referem à hipertrofia ao aumento do IGF-1 em animais submetidos a alongamentos. Os resultados são impressionantes, os músculos chegam a crescer 85% e a expressão de RNAm para a síntese de IGF-1 aumenta até 40 vezes. Diversas pesquisas publicadas verificaram que o alongamento é uma maneira extremamente eficiente e rápida de induzir hipertrofia, proporcionando aumento na produção de proteínas contráteis e no número de sarcômeros, tanto em série, quanto em paralelo, o que obviamente pode ser ainda mais significativo com a utilização concominante de sobrecarga. (GOLDSPINK, 1999, JAMES et al, 1997, MITCHELL et al, 1999, YANG et al, 1996; YANG et al, 1997). Mas lembre-se que há inegáveis limitações na generalização das pesquisas acima, pois é muito difícil reproduzir as metodologias em humanos.
Na prática, existem diversas maneiras de aproveitar os exercícios de alongamento, muitos fisiculturistas, por exemplo, utilizam-se deles entre suas séries, o único cuidado a ser tomado é com a intensidade, pois um exagero na amplitude ocorrida na hora e maneira erradas pode causar lesões nos músculo e demais tecidos, o que te afastará dos treinos por um bom tempo. É interessante ressaltar que a maioria dos estudos refere-se a alongamentos intensos, o que seria entendido como treinos de flexibilidade, há relatos de estiramentos superiores à 20% do comprimento normal do músculo mantidos por horas, dias e até semanas, o alongamento leve, estilo relaxamento, certamente tem um efeito importante, mas dificilmente lhe trará os benefícios citados neste artigo.
Se você acreditava na antiga teoria de negligenciar (ou negar) o alongamento, pode ser que tenho sub-utilizado seu potencial de crescimento, pois, ao contrário do que se dizia, o alongamento ajuda, e muito, o processo de hipertrofia. Então o que você está esperando: ALONGUE-SE.
Veja mais em Amplitude
MITCHELL P, STEENSTRUP T,HANNON K. . Expression of the fibroblast growth factor family during postnatal skeletal muscle hypertrophy. J. Appl. Physiol.86(1): 313–319, 1999.
ALLEN DL, MONKE SR, TALMADGE RJ, ROY RR, EDGERTON VR. Plasticity of myonuclear number in hypertrophied and atrophied mammalian skeletal muscle fibers. J Appl Physiol 1995 May;78(5):1969-76
BISCHOFF R. Interaction between satellite cells and skeletal muscle fibers. Development 1990 Aug;109(4):943-52 GOLDSPINK, G et al. Changes in muscle mass and phenotype and the expression of autocirne and systemic growth factors by muscle in response to stretch and overload. J Anat 1999 Apr;194 ( Pt 3):323-34
HÄUSSINGER, D., et al., “Cell Swelling Inhibits Proteolysis in Perfused Rat Liver,” Biochem. J. 272.1 (1990) : 239-242.
HÄUSSINGER, D., et al., “Cellular Hydration State: An Important Determinant of Protein Catabolism in Health and Disease,” Lancet 341.8856 (1993) : 1330-1332.
JAMES RS, COX VM, YOUNG IS, ALTINGHAM JD, and GOLDSPINK DF. Mechanical properties of rabbit latissimus dorsi muscle after stretch and/or electrical stimulation. J. Appl. Physiol. 83(2): 398–406, 1997.
McKOY, G et al. Expression of insulin grwth factor-1 splice variantes and structural genes in rabit skeleta muscle induced by stretch and stimulation. J Physiol (London), 1999)
MILLWARD, D.J., “A Protein-Stat Mechanism for Regulation of Growth and Maintenance of the Lean Body Mass,” Nutr. Res. Rev. 8 (1995) : 93-120.
MOSS, F.P. “The Relationship Between the Dimension of the Fibers and the Number of Nuclei During Normal Growth of Skeletal Muscle in the Domestic Fowl,” Am. J. Anat. 122 (1968) : 555-564.
YANG, H et al. Changes in muscle fiber type, muscle mass and IGF-1 gene expression in rabbit skeletal muscle subjected to estretch. J Anat, May 1997
YANG, S et al. Cloning and characterizatio of an IGF-1 isoform expressed in skeletal muscle subjected to stretch (J Mucle Res Cell Motil, Aug 1996
Link original do artigo: http://www.gease.pro.br/artigo_visualizar.php?id=54


paulo gentilProf. Paulo Gentil, Doutor em Ciências da Saúde. Professor do curso de Pós-Graudação em Musculação e Treinamento de Força e Pesquisador da Universidade de Brasília (UNB). Treinador de força da atletas em nível internacional e olímpico.
Presidente do GEASE (Grupo de Estudos Avançados em Saúde e Exercício)
Membro da National Strength and Conditioning Association (NSCA)
Autor dos livros “Bases Científicas do Treinamento de Hipertrofia” e “Emagrecimento: Quebrando Mitos e Mudando Paradigmas”

Evite o leite… pela sua saúde!



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As indústrias de lacticínios americanas gastaram rios de dinheiro para convencer o público em geral que o leite é necessário por razões de saúde, mas o que não nos disseram é que para os adultos o consumo de leite animal pode estimular doenças coronárias, obesidades, diabetes, cancro de mama, próstata e cólon, doenças autoimunes, osteoporose, algumas doenças da retina e dos rins, diabetes tipo 1 em crianças predispostas, em que o pâncreas sofre uma destruição autoimune. Por isso, o alimento pode e deve ser evitado, sem prejuízo para o organismo.

O leite, particularmente o de vaca, é a mais comum das alergias a alimentos [Fonte: Rona, Nowak-Wegrzyn]. Mesmo quando não se é alérgico o leite é frequentemente intolerado no tracto intestinal [Fonte: Nowak-Wegrzyn] e o problema vai muito além da intolerância à lactose pois este provoca inchaço intestinal, prisão de ventre e refluxo. Clinicamente, o leite, está ainda ligado ao aumento de problemas de pele (eczema), sinusite, enxaquecas e dores nas articulações [Fonte:  Grant].
Na realidade o leite é muito mais do que uma bebida, é um fenómeno cultural e industrial passível de ser analisado ao longo da história das civilizações.
O mito do leite espalhou-se pelo mundo baseado na crença de que é rico em proteínas e cálcio e essencial para a saúde, especialmente dos ossos. Todavia os estudos mostram que são mais os malefícios e os efeitos nefastos à saúde do que os benefícios. Surpreendentemente não só o corpo humano é incapaz de absorver o cálcio do leite de vaca (especialmente pasteurizado), mas também ficou já provado que o leite pode aumentar as perdas de cálcio nos ossos. Irónico?!

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Como todas as proteínas animais o leite aumenta a acidez do pH do corpo humano que por seu lado despoleta uma correcção biológica natural.  É que o cálcio é um excelente neutralizador de acidez e o maior armazém de cálcio do corpo é exactamente o esqueleto. Assim, o mesmo cálcio que os nossos ossos necessitam para se manterem fortes e saudáveis vai ser usado para neutralizar a acidez provocada pela ingestão de leite. Uma vez destacado dos ossos para equilibrar o pH, o cálcio é expelido pela urina causando um efeito surpreendetemente contrário ao que é advogado pelas indústrias leiteiras.
Sabendo tudo isto percebemos finalmente porque os países com menor consumo de lacticínios são também aqueles que possuem menor incidência de fracturas ósseas na população. É triste ver que os profissionais de saúde continuam a ignorar estes factos comprovados

O leite de vaca é para vitelos!

Graças à nossa ingenuidade e talvez aos instintos de sobrevivência adoptamos o acto dúbio de beber o leite de outras espécies. Ninguém nega a eficácia e pertinência do leite de vaca para os vitelos, mas ao contrário dos humanos estes deixam de consumir leite definitivamente uma vez que estejam crescidos… e o mesmo se aplica a todos os mamíferos à face do planeta. Além disso cada espécie de mamífero é o próprio ‘designer’ do seu leite que serve exactamente para a sua espécie, e isto aplica-se ao leite de vaca que contém três vezes mais proteínas que o leite humano o que obviamente tem de provocar distúrbios metabólicos nos humanos que erradamente o consomem.
Para quem insiste em manter os lacticínios na sua dieta fique pelo menos a saber que o que compram no supermercado está muito longe de ser saudável. As vacas leiteiras recebem diariamente hormonas de crescimento e de simulação de gravidez para aumentar a produção de leite, bem como antibióticos vários para diminuir infecções provocadas pelos mais variados mecanismos e químicos a que estão expostas. Estes materiais obrigatoriamente contaminam o leite e o seu impacto para os seres humanos que o consomem é ainda desconhecido.

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Concluindo, e como explica o famoso Save Our Bones Program,ao contrário do que diz a corrente, os media e os profissionais de saúde rebanhados a repetir unicamente o que ouvem sem tentar perceber se é correcto ou não… beber leite e consumir lacticínios não é uma resposta ou uma reversão à osteoporose ou outras deficiências, bem pelo contrário.
No meio de tudo isto ressalva-se apenas que lacticínios naturalmente processados e sem adição de açúcares ou adoçantes estão já livres de acidez e os estudos atestam que o iogurte, as natas e o kefir que não possuem rBGH (hormona) têm francos benefícios para a saúde humana.

Fica o aviso… saia da corrente! Investigue e pondere não consumir leite, pela sua saúde!



terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Pré-treino


Paulo Gentil
01/12/201

É comum que praticantes de atividade física se deparem com dias ou até mesmo longas fases em que a disposição para treinar é reduzida. Estas variações são até certo ponto comuns e mesmo os atletas de alto nível passam por elas. Para se romper tais barreiras, muitas pessoas têm utilizado suplementos que prometem melhorar a disposição e o rendimento, os famosos "pré-treino".
Tais suplementos são vendidos com as mais diversas justificativas, como aumentar a produção de força, retardar a fadiga, promover inchaço na musculatura, etc. É uma proposta extremamente atrativa, pois diminui a responsabilidade das pessoas e transfere para um pote!! Com isso, o treinador não precisaria mais planejar e o atleta não precisaria vencer suas próprias limitações!! Bastaria tomar comprimidos e pronto!

As composições dos pré-treino variam muito entre produtos e fabricantes, no entanto, alguns componentes comumente encontrados são a creatina, cafeína, arginina e beta-alanina. Com relação à arginina e seus derivados, a proposta é atuar no ciclo do óxido nítrico, uma proposta infundada e comprovadamente ineficiente, inclusive isso já foi tratado em um texto anterior (Oxido nitrico) e está confirmado em uma revisão de literatura recente (Bescos, 2012). Outro suplemento que já foi abordado em um texto antigo, mas que continua com opiniões atuais, é a creatina (Creatina). Apesar de a creatina ser um bom suplemento, os pré-treino normalmente também levam cafeína em sua fórmula, e a ingestão concomitante dessas substâncias compromete os efeitos benéficos da creatina, podendo eliminar completamente o seu efeito ergogênico (Vandenberghe et al., 1996; Hespel et al., 2002).

Resta então analisar a cafeína e a beta-alanina.

Cafeína

A cafeína é um alcalóide da xantina que atua como estimulante do sistema nervoso central e tem sido acrescentado nos suplementos com o intuito de deixar o praticante mais disposto para o treino. No entanto, os resultados de estudos envolvendo a utilização da cafeína para melhora da performance são controversos. Nas revisões sobre o tema, é possível encontrar estudos em que houve melhora e estudos em que houve piora de performance (Burke, 2008; Astorino & Roberson, 2010; Davis & Green, 2009) , tornando difícil estabelecer uma posição clara. O que se sabe é que há uma grande variedade nas respostas individuais à ingestão de cafeína e alguns fatores que parecem influenciar sua eficiência são: 1) duração da atividade (benefícios em atividades superiores a 60 segundos); 2) ingestão habitual (melhores resultados em pessoas que não ingerem cafeína habitualmente); 3) nível de treinamento (melhor em pessoas treinadas) e 4) dosagem (efeitos a partir de 3mg/kg).

Sobre esses pontos deve-se esclarecer que: 1) a duração da atividade não é a comumente encontrada na musculação, pois cada série normalmente dura menos de um minuto. 2) A população brasileira em geral ingere bebidas com cafeína, como o café, refrigerantes, bebidas energéticas, etc. 3) A maior parte das pessoas que tomam esses suplementos não estão no nível de treinamento dos participantes dos estudos. 4) A dosagem de cafeína encontrada nos suplementos normalmente varia entre 35 a 140mg, o que não seria suficiente para trazer os efeitos procurados. Somando tudo isso, vemos que dificilmente os suplementos trariam os efeitos esperados para os praticantes de musculação.

Algo muito subestimado com relação à cafeína são os efeitos colaterais. Se ela exercer o efeito estimulante, haverá consequentemente maior sobrecarga cardiovascular (Riksen et al., 2011; Butt et al., 2011; Mesas et al., 2011), aumentando os riscos à saúde. Além disso, como acontece com todo estimulante, a ingestão de cafeína tem o efeito potencial de gerar acomodação. Desse modo, a ingestão habitual dos suplementos levaria o organismo a se acostumar, gerando a necessidade de doses cada vez maiores e a dependência. Essa dependência vem associada a diversos problemas cientificamente comprovados como problemas do sono, depressão, alterações no humor, etc (Bergin et al., 2012; Reissig et al., 2009; Roehrs & Roth, 2008; Ogawa & Ueki, 2007).

Beta-alanina

Durante a atividade física intensa de duração prolongada, é necessário recorrer à glicólise anaeróbia, o que resulta na formação de uma grande quantidade de íons H+, isto, segundo alguns autores, pode estar associado à fadiga. Apesar de ser controverso se a acidose é associada à fadiga em eventos de curta duração (ver o texto Lactato, acidose e fadiga), pode ser que haja interferência nas atividades mais longas. Para contrabalancear a acidose, nosso corpo dispõem de sistemas de tamponamento, dentre os quais se encontra a carnosina (Hobson et al., 2012).

A beta-alanina é um precursor da carnosina, um dipeptideo formado pela ligação da beta-alanina com a histidina. Como a beta-alanina é o principal limitante da disponibilidade de carnosina, sua suplementação tem sido usada com a finalidade de aumentar a quantidade desta e, consequentemente, retardar a fadiga e diminuir a concentração de metabólitos em resposta ao exercício.

De fato, há estudos com atividades contínuas (Ghiasvand et al., 2012; Sale et al., 2012) e intervaladas (Saunders et al., 2012) que verificaram aumento do tempo até a exaustão e redução na concentração de lactato com a suplementação de beta-alanina. No entanto, tais resultados são contrapostos por estudos que não encontraram efeitos benéficos, especialmente quando a amostra foi composta por pessoas treinadas (Smith-Ryan et al., 2012; Jagim et al., 2012; Saunders et al., 2012).

Em uma meta-análise sobre o tema, Hobson et al. (2012) concluem que a suplementação de beta-alanina pode auxiliar em exercícios com duração maior que 60 segundos, mas não em exercícios com duração inferior a essa. A melhora seria de 2,85% na performance com uma suplementação de 5,12g diárias de beta-arginina... um custo-benefício pouco atraente (por curiosidade eu não consegui ver a concentração de beta-alanina nos suplementos que olhei). Desse modo, seria possível inferir que a suplementação ajudaria pouco o praticante de musculação, pois são raros os treinos em que o esforço dure mais do que 60 segundos, como falado anteriormente. A exceção seriam alguns tipos de treinos metabólicos, no entanto, a relevância disso ainda seria discutível. Se pensarmos em alguém que realiza 15 repetições de um determinado exercício, tal benefício não chegaria nem a ser uma repetição a mais. Ou, ainda, se pensarmos em alguém que utiliza 100kg para determinado exercício, as melhoras não chegariam a 3kg!

Mais discutível ainda seriam os benefícios da diminuição no estresse metabólico em longo prazo, pois já existem diversos estudos que associam o acúmulo de metabólitos aos ganhos de força e massa muscular (Schott et al., 1995; Takada et al., 2012). Dessa forma, deve-se questionar até que ponto tal redução seria desejável, pois poderia interferir negativamente nas adaptações ao treino.

O que se tem sobre musculação é um estudo britânico no qual se suplementou 6,4 gramas diárias de beta-alanina em estudantes de Educação Física que praticaram musculação por 10 semanas. Apesar da suplementação aumentar a quantidade de carnosina no músculo, não houve efeitos positivos nos ganhos de força e nas alterações na composição corporal (Kendrick et al., 2008). Não há ainda muitos estudos sobre a suplementação de beta-alanina em praticantes de musculação, no entanto, a partir das evidências teóricas deve-se fazer os seguintes questionamentos: se ela aumentaria a performance; se o aumento de performance seria relevante; se as alterações seriam benéficas em longo prazo.

Considerações finais

Confrontando os treinos realizados nas academias com as evidências científicas disponíveis, é nítido que a maioria dos praticantes de musculação realiza um volume excessivo de treino. Portanto, a falta de energia e motivação reportada por muitos, provavelmente é consequência do overtraining. Para se romper tais barreiras, seria necessário fazer modificações no planejamento e contar com a determinação e esforço individual. Mas, por falta de uma, de outra ou das duas, têm se buscado soluções mágicas, o que levou ao aumento da utilização dos "pré-treino".

Como sempre, quando lidamos com interesses financeiros, deve-se ter cuidado com os propagandas, mesmo que elas citem estudos, normalmente são estudos manipulados e cujos resultados divergem largamente das evidências científicas disponíveis. Com esses suplementos, por exemplo, existem alguns estudos financiados que apontam estranhos efeitos positivos. Mas o que se pode concluir com base na literatura e nas bases teóricas disponíveis é que tais suplementos dificilmente trariam os resultados prometidos para praticantes de musculação, além de terem potenciais efeitos negativos na saúde do usuário.

Referências bibliográficas
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Bergin JE, Kendler KS. Common psychiatric disorders and caffeine use, tolerance, and withdrawal: an examination of shared genetic and environmental effects. Twin Res Hum Genet. 2012 Aug;15(4):473-82.
Bescós R, Sureda A, Tur JA, Pons A. The effect of nitric-oxide-related supplements on human performance. Sports Med. 2012 Feb 1;42(2):99-117.
Burke LM. Caffeine and sports performance. Appl Physiol Nutr Metab. 2008 Dec;33(6):1319-34.
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Davis JK, Green JM. Caffeine and anaerobic performance: ergogenic value and mechanisms of action. Sports Med. 2009;39(10):813-32.
Ghiasvand R, Askari G, Malekzadeh J, Hajishafiee M, Daneshvar P, Akbari F, Bahreynian M. Effects of Six Weeks of β-alanine Administration on VO(2) max, Time to Exhaustion and Lactate Concentrations in Physical Education Students. Int J Prev Med. 2012 Aug;3(8):559-63.
Hespel P, Op't Eijnde B, Van Leemputte M. Opposite actions of caffeine and creatine on muscle relaxation time in humans. J Appl Physiol. 2002 Feb;92(2):513-8.
Hobson RM, Saunders B, Ball G, Harris RC, Sale C. Effects of β-alanine supplementation on exercise performance: a meta-analysis. Amino Acids. 2012 Jul;43(1):25-37.
Jagim AR, Wright GA, Brice AG, Doberstein ST. Effects of beta-alanine supplementation on sprint endurance. J Strength Cond Res. 2012 Apr 3. [Epub ahead of print]
Kendrick IP, Harris RC, Kim HJ, Kim CK, Dang VH, Lam TQ, Bui TT, Smith M, Wise JA. The effects of 10 weeks of resistance training combined with beta-alanine supplementation on whole body strength, force production, muscular endurance and body composition. Amino Acids. 2008 May;34(4):547-54.
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terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

TREINAMENTO FUNCIONAL NO FUTEBOL


Por Sandro Sargentim
Com o passar dos anos a ciência aliada ao treinamento desportivo vem buscando aperfeiçoar mecanismos de aplicação de treinamentos que busquem a excelência em rendimento através de métodos específicos de cada modalidade. Os esportes individuais no decorrer dos anos alcançaram resultados mais diretos na busca pela especificidade da manipulação das cargas de treinamento comparado aos esportes coletivos.
O futebol, dos esportes coletivos, sempre foi a modalidade que mais impõe barreiras para a implantação de técnicas novas de treinamento que visam não somente alto rendimento individual e coletivo, mas geram uma adaptação ao organismo do atleta, proporcionando uma maior equilíbrio muscular e com isso um menor risco de lesões muscular e articular.
O treinamento funcional tem como foco dentro do futebol dois objetivos claros e interdependentes:
1- Melhora do movimento específico do futebolista durante as fases mais intensas e decisivas do jogo;
2- Um maior equilíbrio das cadeias musculares, minimizando com isso as chances de dores e lesões inerentes ao futebolista.
As vertentes que compõe o treinamento funcional dentro do futebol são:
Treinamento de Força, core e Propriocepção.
A força é aplicada com o principal objetivo de melhora da resposta muscular aos movimentos mais intensos e específicos do jogo. O treinamento de força tem como função primária melhorar a ação motora do futebolista dentro dos treinamentos e jogos.
O futebol é um esporte misto e intermitente, onde o atleta realiza diversas ações musculares intensas e curtas com longas pausas para as novas ações. As ações motoras na fase ativa da partida, na maior parte das vezes, são realizadas através de movimentos rápidos e intensos com ação específica dos grandes grupos musculares.
A manipulação dos exercícios de força pretende dentro do futebol, criar uma adaptação ao atleta, para poder realizar os movimentos com mais intensidade e segurança, prorrogando ou diminuindo a chance de fadiga muscular. As manifestações de força do futebolista são força máxima, força explosiva e resistência de força explosiva. Para o futebolista poder desempenhar o seu melhor desempenho através do treinamento de força, o fortalecimento das suas articulações e bem como seu centro de equilíbrio e controle deve ser treinado e aprimorado através do treinamento do core e da propriocepção.
A região do core pode ser entendida com a conexão entre os membros superiores e inferiores, se tornado a base do movimento de cada indivíduo, pode ser entendido como o produto de um controle motor e da capacidade muscular do complexo quadril-lombar-pelve. Os movimentos realizados pelos membros são iniciados e posteriormente equilibrados pela região do core. Com o core bem equilibrado e fortalecido, o futebolista conseguirá realizar as ações musculares com maior segurança, gerando mais força com menos gasto de energia e conseqüentemente uma menor possibilidade de fadiga.
Contudo por mais força que o atleta conseguir realizar pelos membros e por mais fortalecido e equilibrado estiver a região do core, de pouco adianta se as articulações específicas não forem treinadas e fortalecidas da forma pontual e correta. A propriocepção tem como principal característica o fortalecimento das articulações correspondentes ao futebolista (tornozelo, quadril e joelho).
A propriocepção não age isoladamente na articulação, ela fortalece também a musculatura que compõe cada articulação. O fortalecimento articular através da propriocepção acontece através da estimulação dos receptores (especialmente os mecanorreceptores), da estimulação ao fuso muscular e ao órgão tendinoso de Golgi.
O treinamento funcional dentro do futebol é realizado dentro dessas três vertentes (força, core e propriocepção). A principal diretriz para a aplicação treinamento funcional dentro do futebol é conseguir aplicar cada uma das vertentes de forma específica, simulando os exercícios com gestos iguais ou parecidos com os realizados pelos futebolistas dentro dos treinos e jogos.
Os exercícios para serem específicos devem ser realizados pelos grupamentos musculares específicos dos futebolistas, com a alta intensidade, com a velocidade de movimento parecida com a de jogo, e com a freqüência de movimentos próxima a da realidade encontrada em uma partida de futebol. É possível o treinamento de forma integrada, com as três vertentes do treinamento funcional estimuladas ao mesmo tempo, ou isolando cada uma das vertentes em cada sessão de treino, essa divisão é pedagógica e pode evoluir de acordo com aceitação e evolução dos atletas.
O treinamento funcional dentro do futebol não prioriza a prevenção de lesões em detrimento ao alto rendimento, ele contribui para os dois objetivos agirem em conjunto proporcionando ao futebolista moderno um maior fortalecimento e equilíbrio muscular, potencializando o rendimento de forma complexa e específica.