Meia diz que sua promessa era vestir novamente a camisa cruz-maltina, e não se aposentar no clube. Ansioso, ídolo não vê a hora de reencontrar a torcida
Juninho Pernambucano veste a camisa do Vasco
(Foto: Divulgação / Site Oficial do Vasco)
A torcida vascaína não vê a hora de, após dez anos, ver novamente Juninho Pernambucano com a cruz de malta no peito. E a recíproca parece ser verdadeira. Após o anúncio da contratação do jogador com contrato até dezembro deste ano, a contagem regressiva começou. O meia está muito entusiasmado com o que chama de um "grande desafio", mas não garantiu que permanecerá na Colina em 2012. Ele disse que, entre outras possibilidades, pode acertar com outro time ou então assumir um cargo diretivo em algum clube, inclusive o Vasco.(Foto: Divulgação / Site Oficial do Vasco)
- Volto com contrato até dezembro, cumprindo o que sempre falei. Depois eu decido minha vida. Se sentir que ainda tenho condições, posso renovar com o Vasco por mais tempo ou jogar por outro clube. A promessa era um dia voltar a vestir a camisa do Vasco, e não encerrar a carreira pelo clube. Caso decida parar, existe a possibilidade de assumir um cargo na comissão técnica ou até mesmo na diretoria, mas isso é para decidir só lá na frente - afirmou o jogador, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.
As possibilidades futuras são muitas, mas a única certeza no momento é uma só: a felicidade por retornar ao clube onde é idolatrado é muita. E, em meio a essa alegria, Juninho mostrou um lado profissional e consciente raro de se ver no meio do futebol. O apoiador abriu mão de grandes salários para receber um valor simbólico, precisamente R$ 600, para evitar com que o clube tenha prejuízo caso ele não renda o que todos esperam.
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- Foi um desejo meu. O Vasco imaginava que teria de fazer grandes engenharias para conseguir o meu retorno, mas não foi assim. Vão ser duas opções para me pagar: classificação para a Libertadores ou título da Copa Sul-Americana. Se não der certo, o clube não vai ter prejuízo. Volto sem qualquer parceria com empresa alguma - explicou.Juninho falou ainda sobre a saudade da torcida vascaína, de São Januário, a expectativa da família pelo retorno ao Rio de Janeiro e sobre a própria idolatria com o Vasco. Ele acha que não merece tanto! Confira abaixo a entrevista completa.
GLOBOESPORTE.COM: São dez anos longe do futebol brasileiro e do Vasco. Como está a expectativa pelo retorno?
JUNINHO: Foram dez anos longe e fica uma expectativa muito grande. Estou feliz demais em voltar a vestir a camisa do Vasco. Vai ser um desafio, mas estou pronto para isso. A felicidade de retornar a São Januário é enorme. Reencontrar a torcida vai ser um momento especial.
Como foi a negociação?
Tinha a opção de renovar com o Al-Gharafa por mais dois anos. Mas, se isso acontecesse, não teria condições de cumprir minha promessa de um dia voltar. Era agora ou nunca. Inclusive, quando cheguei ao Qatar há dois anos achei que não iria voltar. A vida aqui é mais light, passo mais tempo com a família e eu continuei jogando bem. Mas o Roberto foi a Recife no início do ano e ali eu comecei a pensar. Ele me falou da vontade do Vasco em contar comigo, sobre o projeto envolvendo meu futuro. Ali comecei a pensar.
Muitos jogadores voltam do exterior e passam por problemas. Bate uma insegurança em relação ao seu desempenho?
É um desafio mesmo. Falam em medo, mas não é isso. Tecnicamente o futebol brasileiro é muito melhor. Aqui o ritmo é mais lento. O jogador que não gostar de treinar vai perder ritmo e sofrer com essa dificuldade. Mas não é o meu caso. Sempre gostei de treinar e o mais importante não é a quantidade de treinos e sim a qualidade. Geralmente os jogadores precisam de tempo e isso é justamente o que eu não tenho. Mas vou me preparar muito nesses meses para compensar.
Já tem data para iniciar os trabalhos?
Imaginava que poderia ser inscrito logo no início do Brasileiro, mas não será possível. Então, para não perder ritmo, vou tirar apenas cinco dias de férias e chegar já trabalhando. Tenho trocado e-mails com o preparador físico do Vasco (Rodrigo Poletto) já para combinar como vai ser o trabalho. Vou ter dois meses de treino e o ritmo de jogo vai vir com as atuações. As complicações são muitas e por isso fiz esse contrato simbólico. Mas me sinto pronto. Se você perguntar para quem trabalha comigo todos vão dizer que eu posso jogar no futebol brasileiro. Mas o ideal é esperar e não falar antes.
Sobre o Vasco, está preparado para escutar ao vivo a torcida reviver seu gol contra o River Plate pela Libertadores no Estádio Monumental de Nuñez?
Vai ser especial. Espero que os gritos se transformem em energia forte para mim e eu consiga superar todas as dificuldades. Sou muito grato pelo reconhecimento da torcida e acho até que nem merecia tanto.
Acha então que a idolatria aumentou após a sua saída?
A imagem reforçou muito porque infelizmente nos últimos anos o Vasco não teve conquistas expressivas. Eu e Felipe somos os únicos em atividade que ganharam títulos no clube. Participei de uma geração vitoriosa e tudo foi muito marcante para a torcida. Eu fiz muito menos que jogadores como Edmundo e Romário, por exemplo. Sobre o Dinamite então nem falo. Era uma peça importante, mas não um protagonista como eles.
E a família? Sua mulher e filhas estão felizes com o retorno ao Vasco e ao Brasil?
O projeto já era certo. Passamos muito tempo fora do país e a ideia já era voltar. A Giovanna, minha filha mais velha, está muito feliz. Ela foi a única que me viu jogar pelo Vasco e hoje está com 15 anos. Ela sempre cantou o hino e já ensinou isso para as mais novas, Maria Clara e Rafaela, que nasceram em Lyon.
Falando no Lyon, existe um contrato arquivado com o clube no qual você pode voltar como dirigente. Existe essa possibilidade?
Quando saí do Lyon fizemos esse contrato e eu tenho ele guardado. É uma possibilidade que passa pela minha cabeça. Vivi anos maravilhosos por lá e tive um rendimento excelente. Mas isso é algo para ser discutido lá na frente. No momento, a felicidade maior é o retorno ao Vasco.
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